O relatório Panorama Social da América Latina 2015,
divulgado hoje (22) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(Cepal), registrou uma redução importante nas taxas de pobreza no Brasil.
Segundo Laís Abramo, diretora da Divisão de Desenvolvimento Social da
instituição, mais de 2 milhões e 750 mil brasileiros saíram das linhas de
pobreza e extrema pobreza em 2014.
“Essa diminuição foi mais acentuada entre os indigentes, e
isso mostra, justamente, a eficácia e a importância dos programas de combate à
extrema pobreza que existem atualmente no Brasil. Sabemos que há uma crise
importante, com diminuição do crescimento econômico, com recessão e aumento do
desemprego. É muito provável que haja impactos negativos sobre os níveis de
pobreza e indigência. Mas vai depender da eficiência da rede de proteção social
que existe no país, dos programas de transferência de renda e de instrumentos
como o seguro-desemprego”, afirmou Laís.
Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, afirmou que
enviou hoje carta aberta à presidente Dilma Roussef, em que manifesta sua
preocupação com ameças à estabilidade democrática e reconhece os avanços
sociais e políticos alcançados pelo Brasil na última década. “Nos violenta que
hoje, sem julgamento ou evidência, usando vazamentos e uma ofensiva midiática,
que tem por convicção tentar demolir sua imagem e legado, esforços são
multiplicados por minar a autoridade presidencial e encerrar o mandato
conferido aos cidadãos nas urnas”, afirmou, em nota.
Em toda a América Latina, entre 2014 e 2015, o número de
pessoas em situação de pobreza cresceu de 168 milhões para 175 milhões, o que
representa 29,2% das pessoas. Já o número de pessoas em situação de indigência,
ou extrema pobreza, passou de 70 para 75 milhões (12,4%).
De acordo com o relatório, o aumento é consequência de
resultados diferentes entre os países, onde alguns tiveram aumento da pobreza e
outros, a maioria, registraram diminuição. Entre 2010 e 2014, por exemplo,
houve significativo crescimento da pobreza no México.
O documento ressalta que, nos próximos 15 anos, a maioria
dos países da América Latina continuará no chamado bônus demográfico, onde a
população em idade de trabalhar é maior que a de aposentados. Bárcena afirmou
que este é um momento fundamental para o desenvolvimento de políticas de
proteção social e reforçou que será necessária atenção especial à área de saúde
e da previdência social, uma vez que o impacto negativo tende a crescer.
Outro dado alarmante é que, em 2013, uma em cada 3 mulheres
não tinha renda própria nem autonomia econômica. Segundo Bárcena, a exclusão
social afeta muito mais as mulheres do que os homens. De acordo com o
documento, a renda dos homens brancos é quatro vezes maior que a das mulheres
indígenas e duas vezes maior que a das negras, levando-se em consideração
níveis educacionais iguais.
De acordo com a Cepal, o trabalho é a chave mestra para
reduzir a pobreza e as desigualdades. No entanto, entre 2014 e 2015, a taxa de
desemprego na América Latina aumentou de 6% para 6,6%. O organismo recomenda
que os esforços de promoção do trabalho decente, formalização dos empregos e
acesso aos mecanismos de proteção social devem persistir.
“Os gastos sociais em educação, saúde e previdência social
deveriam ser independentes dos ciclos econômicos. Mas, em momentos como o
atual, de crise econômica, os países devem proteger os níveis de gastos
sociais. E, nos períodos de crescimento, ampliar o gasto e os investimentos,
para reforçar a construção da rede de proteção social”, afirmou Bárcena.
EMPRESAS QUE COLABORAM COM O GRUPO KÉSSIO JHONIS DE COMUNICAÇÃO:
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