terça-feira, 22 de novembro de 2016

“MANOBRA DE GAROTINHO PARA OBSTRUIR POLÍCIA FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO?”



              Uma ligação de Anthony Garotinho (PR), interceptada no dia 23 de outubro pela Justiça, evidencia, como suspeita um grupo que o investigou e o levou à prisão na última quarta-feira (16/11/2016), uma manobra do ex-governador para obstruir os trabalhos da Polícia Federal e do Ministério Público sobre a utilização do programa social “Cheque Cidadão” por troca de votos.                       Garotinho entrou em contato com uma pessoa não identificada para saber se o “amigo” dele teria contato com o novo corregedor da PF no Rio, que seria despachado para trabalhar em Campos.               O interlocutor prometeu a reunião para o dia seguinte, mas não há informações se ela ocorreu.             O diálogo, divulgado na madrugada de domingo (20) na Folha Online, teria sido usado como prova que houve tentativa de obstrução do processo, um dos motivos da prisão.
            Os fatos que se seguiram deixaram investigadores intrigados. Coincidência ou não, em 9 de novembro, os autos do inquérito da PF, sem aparentes motivos justificáveis, foram solicitados no Rio para realização de espécie de correção extraordinária. No mesmo dia, o Ministério Público Federal solicitou a busca e apreensão dos autos do inquérito, no que foi atendido pelo juízo da 100ª Zona          Eleitoral de Campos. Na ocasião, o juiz Glaucenir Silva de Oliveira proibiu o compartilhamento das informações contidas no inquérito sem a sua autorização: “Infelizmente, no Brasil atual, a polícia, bem como a Justiça, vem sofrendo pressões e intromissões indesejáveis, principalmente de ordem política, com o fito de macular trabalhos legítimos, eficazes e extremamente necessários em prol da sociedade”, salientou o magistrado em trecho da decisão de busca e apreensão.
               Ao jornal O Globo, o delegado da Polícia Federal Paulo Cassiano disse que este tipo de movimentação não é normal: “Em um contexto da PF, isso é incomum, é estranho. Pedi por escrito que dissessem a mim os motivos, mas não responderam”. Também ao jornal carioca, o advogado de Garotinho comentou sobre a representação à corregedoria alegando supostos abusos de Cassiano. Segundo o defensor, o objetivo da reunião, que ele diz não ter ocorrido, era denunciar a conduta do delegado.
               Dois dias depois da busca e apreensão do inquérito, com denúncia do MP, Glaucenir Oliveira determinou a prisão de Garotinho, cumprida na quarta, acusado de coação, compra de votos e associação criminosa. O magistrado afirmou que o secretário municipal de Governo e marido da prefeita Rosinha (PR) comandava “com mão de ferro um verdadeiro esquema de corrupção eleitoral no município”.

               Após cateterismo, “stent” é implantado.

               O Hospital Quinta D’or, onde Garotinho está internado sob custódia, divulgou novo boletim no início da tarde de domingo. Segundo a nota, o secretário de Governo de Campos foi submetido, pela manhã, a um cateterismo cardíaco. De acordo com os médicos, foi diagnosticada obstrução nas artérias e ele teve que implantar um “stent” — uma espécie de tubo que serve para prevenir ou evitar a obstrução do fluxo no local por entupimento desses vasos.
               A nota foi assinada pelo Dr. Marcial Raul Navarrete Uribe, cardiologista, que pode atuar em pelo menos outras cinco funções, segundo consta nos sites de cadastros médicos na internet. No dia 25 de fevereiro deste ano foi demitido e teve a aposentadoria cassada pelo ministro da Saúde por acumulação ilícita de cargos públicos.
              No Facebook, a prefeita Rosinha comentou: “Agradeço aos que oraram e torceram pela saúde do Garotinho. Aos que duvidaram ou comemoraram, peço o perdão de Deus”.

              Garotinho foi preso na última quarta no Rio de Janeiro. Na Superintendência da PF, ele passou mal e foi levado para o Hospital Souza Aguiar. Na quinta, por determinação da 100ª Zona Eleitoral, foi transferido para a Unidade de Pronto Atendimento do Complexo Penitenciário de Bangu. Na sexta, uma liminar da ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou que ele voltasse a um hospital e cumpra prisão domiciliar até o pedido de liminar ser analisado pelo plenário do TSE.



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