Quando o ciclo menstrual se interrompe, os sintomas
mais conhecidos são ondas de calor, chamadas de fogachos, que atingem 70% das
mulheres; as oscilações de humor; e a irritabilidade
Aos 48 anos, a doméstica Vanda Cavalcante começou a
suspeitar que a irritabilidade e o calor excessivo poderiam ser a chegada da
menopausa. "Eram fogachos de três a quatro vezes por dia, e isso não me
incomodava tanto. Foram uns seis meses assim, mas depois começou a vir
constante. E eu, que nunca tive problema com sono, comecei a ter dificuldades
pra dormir", relembra. Assim como Vanda, a insônia atinge seis a cada dez
mulheres na menopausa, aponta o Instituto do Sono.
"Nesse período de pós-menopausa, a gente sente os
sintomas decorrentes da queda do estrogênio que é o principal hormônio que as
mulheres perdem quando o ovário entra em falência, ou seja, quando chega nesse
final da fase reprodutiva", explica a médica Helena Hachul de Campos,
pesquisadora do Instituto do Sono e professora da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp).
As consequências da falta do hormônio se expressam de forma
precoce ou tardia. Quando o ciclo menstrual se interrompe, os sintomas mais
conhecidos são ondas de calor, chamadas de fogachos, que atingem 70% das
mulheres; as oscilações de humor; e a irritabilidade. Depois de alguns anos sem
o estrogênio, aparecem os sintomas tardios, como secura da pele, secura
vaginal, deposição da gordura na região abdominal, aumento de colesterol e de
risco cardiovascular, facilidade para ganhar peso com a diminuição do
metabolismo e alterações no metabolismo ósseo.
Em relação ao sono, a médica explica que ainda na fase de transição é comum que a oscilação do hormônio já cause alguns efeitos. "Deixa a gente muito mais vulnerável a ficar acordando", aponta. Outros fatores que contribuem para alterações no sono são as idas mais frequentes ao banheiro pela maior flacidez da bexiga.
Estudos do Instituto do Sono apontam ainda que a cada centímetro de circunferência abdominal a mais o risco de surgimento de apneia obstrutiva do sono cresce 5%. "Devido a essas modificações da menopausa, você começa a ter mais gordura abdominal, mais gordura no pescoço e começa a ter apneia", esclarece Helena.
O que fazer
Vanda procurou o serviço de saúde e, após algumas avaliações, verificou-se que
ela tinha indicação para o tratamento de reposição hormonal. Ela conta, no
entanto, que foi um recurso alternativo que mudou a sua vida. "Eu me
apaixonei. Eu decidi que a meditação iria fazer parte da minha vida. Eu aprendi
a respirar, a ter paciência e a dar tempo ao tempo", relatou à Agência
Brasil.
"A gente tem diversos tipos de tratamento, tem terapia hormonal, terapias alternativas, tem fitoterápicos, não precisa esperar ficar horrível. A gente tem sempre que estar acompanhando todo ano [com as idas ao ginecologistas] e ver o que está aparecendo", orienta a médica.
Dicas para o sono
São várias as complicações decorrentes de noites mal dormidas. "Se a gente
tem estágios de sono não completos, no dia seguinte a gente vai estar com
indisposição, déficit de memória, irritado", enumera Helena. Ela alerta
também para os prejuízos em relação à imunidade e à facilidade para o ganho de
peso. "Faz de que conta que você é um celular. Acordo com 100% ou já está
com 60% de bateria? Para saber se o sono foi restaurador, e a grande maioria
fala que não", orienta.
Alimentação saudável, horários definidos na rotina, fazer
atividade física, não tomar café a partir do final da tarde, ter um ambiente de
quarto silencioso e com pouca luminosidade, não ficar olhando o relógio, não
fazer refeições pesadas no jantar e evitar o uso do celular na cama são algumas
das dicas para ter um sono restaurador.
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