Ele estava internado em um hospital em São Paulo, onde
fazia um tratamento de câncer. Alerj disse que vai declarar luto oficial por
três dias.
Morreu na madrugada desta sexta-feira (14/-5/2021) o
ex-deputado estadual Jorge Picciani,
de 66 anos. Ele estava internado desde o dia 8 de abril no Hospital Vila Nova
Star, em São Paulo, onde fazia um tratamento
de câncer na bexiga.
Picciani foi presidente da Assembleia Legislativa do RJ
(Alerj) por vários mandatos.
Foi aliado do ex-governador Sérgio Cabral e chegou a ser
investigado pela Lava Jato, suspeito de corrupção.
Em uma de suas eleições, conseguiu também eleger o filho, o
ex-deputado estadual Rafael Picciani.
O atual presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT),
já ofereceu a Casa para o velório e disse que vai declarar luto oficial por
três dias (veja abaixo a nota da Alerj).
O governador do Rio, Cláudio Castro, e o prefeito Eduardo
Paes lamentaram a morte do ex-deputado estadual.
"É com pesar que recebo na manhã deste 14 de maio a
notícia do falecimento do ex-presidente da @Alerj, Jorge Picciani. Neste
momento doloroso, deixo aos familiares meus sentimentos e que encontrem em Deus
a força necessária para superar a dor da perda", falou Castro.
"Quero aqui manifestar meu pesar, lamentar o
falecimento do deputado Picciani, sempre tive com ele uma ótima relação, e
especialmente, abraçar a família dele, os filhos dele, a mulher dele. Enfim, é
uma pena que a gente tenha a morte de uma pessoa ainda muito jovem, mas que
teve aí um processo difícil. Inclusive já falei hoje com o deputado Leonardo
Picciani e com o ex-deputado Rafael Picciani", disse Paes.
Carreira
Jorge Picciani nasceu no dia 25 de março de 1955, em
Mariópolis, no Rio de Janeiro. Era formado em contabilidade pela UERJ e em
estatística pela Escola Nacional de Estatística.
Em 1990, Picciani conquistou o primeiro de seus seis
mandatos como deputado estadual. Passou por todos os cargos importantes do
Legislativo, até se eleger, por quatro mandatos consecutivos, presidente da
Alerj (2003-2010). Em 2015, após ficar quatro anos afastado, voltou a ocupar o
cargo.
Um dos seus projetos reduziu as férias dos parlamentares.
Foi durante a sua gestão também que a lei proibindo o nepotismo foi aprovada –
3 anos antes de o STF estabelecer a não contratação de parentes como regra
nacional. É de sua autoria ainda a lei que garantiu vagões exclusivos para
mulheres na hora do rush em trens e no metrô do Rio.
Picciani criou também a Comissão de Ética da Alerj – que
levou à cassação quatro deputados –, a TV Alerj, a Escola do Legislativo, o
Fórum de Desenvolvimento do Estado e o Parlamento Juvenil.
Em 2010, disputou uma cadeira do Senado. Obteve 3.048.034 de
votos e, por uma pequena diferença do segundo colocado (0,8%), não atingiu seu
objetivo.
Entre 2011 e 2014, se dedicou à vida empresarial e presidiu
o PMDB-RJ.
Candidato nas eleições de 2014 a deputado estadual, Picciani
recebeu 76.590 votos. Foi a nona maior votação no Estado do Rio e a terceira do
PMDB-RJ.
De volta à Alerj, reassumiu a presidência em 2015, com 65
dos 70 votos dos deputados estaduais. Seu primeiro ato foi propor um pacote de
medidas de transparência e austeridade, entre eles a redução do
auxílio-educação, que passou a ser estendida a alunos de escolas públicas.
Nos primeiros 20 anos como deputado, ele só se afastou uma
vez do Legislativo: em 1993, foi convidado pelo então governador Leonel Brizola
para assumir a Secretaria Estadual de Esportes e Lazer e a presidência da
Suderj.
As missões eram recuperar o Maracanã, que havia sido
interditado após a grade da arquibancada ceder, ferindo dezenas de torcedores
no final do campeonato brasileiro, e reabrir o Macaranazinho, que também havia
sido fechado após um acidente durante um show de rock que matou um jovem
eletrocutado.
Picciani também era pecuarista e desde o início dos anos 90
se dedicava à reprodução assistida de gado.
Ele era casado com Hortência Oliveira Picciani desde 2014.
O ex-presidente da Alerj deixa cinco filhos: o ex-deputado
federal Leonardo Picciani; o deputado estadual e ex-secretário municipal de
Transportes do Rio, Rafael Picciani; o zootecnista e empresário Felipe
Picciani; Arthur, de 10 anos, e o caçula Vicenzo.
Em uma rede social, Leonardo Picciani postou uma foto com a
família e falou sobre o pai. Confira abaixo:
"Neste momento de partida do meu querido e já
saudoso pai, em meio à tristeza que toma conta de toda a família, o sentimento
é de reverenciar a memória de uma pessoa que sempre teve empatia pelo próximo e
que, verdadeiramente, se importava com a vida do semelhante. Fez história na
política do estado ao legislar em prol do melhor para a população do Rio, e se
notabilizou como um homem de palavra. Picciani vai deixar grande saudade nos
nossos corações. Vai em paz, meu pai! Que Deus o acolha nos seus braços!".
Prisões
Picciani foi alvo de duas grandes operações contra a
corrupção na Alerj. Em novembro de 2017, a Operação
Cadeia Velha prendeu o então presidente da Casa, além dos
deputados Paulo Mello e Edson Albertassi.
Segundo as investigações, os deputados usavam da sua
influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus
e também as empreiteiras.
Um ano depois, já em prisão domiciliar, Picciani e outros
nove parlamentares foram alvo da Furna
da Onça, sobre o recebimento de propinas mensais de até R$ 100 mil e de
cargos para votar de acordo com o interesse do governo.
O esquema teria movimentado pelo menos R$ 54 milhões,
segundo a PF.
Ele e outros ex-parlamentares foram denunciados por
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em 2019, ele foi condenado
há 21 anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região.
Jorge Picciani foi presidente da Alerj
Nota da Alerj
"A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro lamenta profundamente a morte do ex-deputado e ex-presidente da Casa,
Jorge Picciani. A Casa foi informada oficialmente do falecimento no início da
manhã de hoje pela família de Picciani, que presidiu a Alerj por três mandatos.
O presidente da Casa, André Ceciliano, ofereceu as instalações do Salão Getúlio
Vargas para o velório, que deve acontecer no inicio da noite desta sexta-feira.
A Casa irá decretar luto oficial de três dias".
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